Pres. ABRAMCA discute valorização e direitos dos Condutores de Ambulância.

Alex Douglas - Sindconam-SP Condutores de Ambulância

Alex Douglas detalha os desafios da profissão e a luta por reconhecimento legal, piso salarial e formação técnica dos condutores de ambulância.

Em entrevista ao podcast Emergência Entrevista, Alex Douglas, presidente da Associação dos Motoristas e Condutores de Ambulância (ABRAMCA), falou sobre os desafios enfrentados pela categoria e o trabalho que tem sido feito para garantir direitos, valorização e reconhecimento aos profissionais da área.

Condutor de ambulância desde 1994, Alex lembrou que sua motivação para fundar o sindicato surgiu da ausência de representatividade e do descaso com a categoria. “O que me motivou foi o descaso dos empregadores, tanto do setor público quanto do setor privado, que não dão a mínima e o devido valor para os trabalhadores em geral”, afirmou. “A gente precisava partir para um modo de representatividade, fosse uma associação ou um sindicato.”

Desde então, Alex, ao lado do parceiro Marco Antônio, estruturou a ABRAMCA e o SINDCONAM-SP, que hoje representam uma categoria estimada em mais de 1,1 milhão de profissionais em todo o Brasil. “Em 2010, foi criada a ABRAMCA e ela passou a representar o SINDCONAM em todos os estados”, destacou.

Luta por reconhecimento legal

Um dos principais pontos citados na entrevista foi a batalha pela regulamentação da profissão. Embora exista uma lei de reconhecimento da categoria (Lei 12.998/2014) e o Dia Nacional do Condutor de Ambulância (Lei 14.252/2021), ainda não há uma regulamentação definitiva das atribuições e exigências profissionais.

O Projeto de Lei 2336/2023 é a principal aposta do sindicato nesse sentido. “Esse projeto faz dois anos que está tramitando. A gente conseguiu levar ele da Câmara dos Deputados para o Senado Federal”, explicou Alex. A proposta prevê, entre outros pontos, que o condutor seja reconhecido como profissional da saúde, com ensino médio completo e carteira de habilitação nas categorias D ou E.

Unificação e capacitação da categoria

Alex também falou sobre a importância de unificar os condutores do SAMU e os das empresas particulares sob as mesmas exigências e treinamentos. “A gente luta pra ter um treinamento igualitário, para todos de forma geral. O cara que faz remoção também transporta vidas e precisa ter o mesmo preparo que o do SAMU.”

Segundo ele, há um projeto em andamento para padronizar a formação dos condutores. “Estamos fechando parceria com a ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) e com o Centro de Pilotagem Roberto Manzini para ministrar cursos em Interlagos. A ideia é que esse curso seja referência nacional, com qualificação técnica e prática”, explicou. “Nós transportamos vidas. Precisa ter técnica de pilotagem e fisiopatologia envolvida.”

Análise sobre o curso atual e nova proposta ao Ministério dos Transportes

Atualmente, o curso de transporte de emergência exigido pelo Detran é considerado insuficiente pela categoria. “É um curso muito fraco, não qualifica. A ABRAMCA já protocolou no Ministério dos Transportes um projeto para um curso específico de 50 horas mais 10 horas práticas só para condutor de ambulância”, contou Alex.

Problemas estruturais e desvalorização

Durante a entrevista, Alex apontou ainda práticas recorrentes que prejudicam os profissionais, como a contratação em massa sob o título de “socorrista”, o que permite que empresas paguem salários mais baixos e dificultem a atuação dos sindicatos. “Inclusive, há pouco tempo, soltamos uma nota conjunta com o COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) deixando claro que o termo socorrista não deve mais ser usado. Não tem respaldo na lei.”

Ele lembra que o problema afeta toda a equipe envolvida nos atendimentos: “É um problema transversal. O técnico, o enfermeiro, o médico… todos estão sendo prejudicados por esse tipo de contratação irregular.”

Mobilização e engajamento da categoria

Alex fez um apelo por maior engajamento dos profissionais na luta por seus direitos. “O dia que a categoria acordar pra vida, ela se fortalece. Tem que se valorizar, sair da zona de conforto. Não adianta só cobrar. Nós vamos a Brasília, batemos de porta em porta, mas precisamos de mais força.

Ele relembrou que a pressão popular é fundamental para que os projetos avancem. “Em 2023, os agentes comunitários conseguiram aumento porque tinham mais de mil representantes no Congresso. A nossa categoria precisa se mobilizar também. O projeto de piso está lá, mas tem pouca adesão da categoria.”

“Estamos firmes e fortes”

Apesar dos obstáculos, Alex reforçou o compromisso do sindicato com a valorização e estruturação da profissão de condutor de ambulância. “A gente tenta desistir, não tem feedback, não tem humanização. Foi por isso que a gente saiu de trás do muro e foi pra luta. Mas estamos aqui, firmes e fortes.”

A entrevista completa está disponível no Canal do YouTube Emergência TV (VEJA AQUI)

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